C.O.P.A / COLÉGIO TUPY / UNISOCIESC

QUAL É O CERTO?


*Diz-se “à medida que” ou “à medida em que”?

Aqui, não se trata do “a” sem acento, como na frase “A medida que ele tomou é drástica”. Não é esse o caso. O que estamos discutindo é a locução conjuntiva “à medida que”, a qual alguns preferem, erroneamente, substituir por “a medida em que”. A forma correta é “à medida que”.

Apenas um lembrete: “locução conjuntiva” é todo grupo de palavras que relaciona duas ou mais orações ou dois ou mais termos de natureza semelhante.

À proporção que chovia…

“À medida que” significa o mesmo que “à proporção que”.

À medida que o mês corre, o bolso esvazia.

Trata-se de uma locução conjuntiva com valor de proporção, introduzindo orações subordinadas adverbiais de proporção. Há ainda a locução “na medida em que”, que vem sendo usada na imprensa e em muitos textos com valor causal.

O governo não conseguiu resolver o problema na medida em que não enfrentou suas verdadeiras causas.

Ou seja,

O governo não conseguiu resolver o problema porque não enfrentou suas verdadeiras causas.

Alguns condenam o uso de “na medida em que” argumentando que não há registro histórico dessa forma na Língua. Mas o fato é que essa construção já se tornou rotina, mesmo entre excelentes escritores. O que não é aceitável sob hipótese alguma é escrever “à medida em que”.

*Qual é o certo? “A par de” ou “ao par de”?

Não é raro ouvirmos alguém dizer: “Estou ao par da situação”. Há algum problema nessa frase? Evidentemente não quanto ao sentido, que não nos cabe pôr em dúvida nesse caso, mas quanto à gramática.

O problema está em “ao par de”. A pessoa deveria dizer antes “Estou a par da situação” para indicar que ela está ciente da situação, está inteirada do que está ocorrendo.

Usa-se “ao par” apenas para referir equivalência de valor entre moedas:

O dólar está ao par do euro. Quando não for esse o sentido pretendido, recomenda-se o emprego de “a par”:

Estou a par da situação. Maria percebeu que não estava a par dos últimos acontecimentos.

*Qual é o certo? “A sós” e “só”

Qual a forma correta?

“Ela quer ficar a só”
ou
“Ela quer ficar a sós“?

O programa foi às ruas saber a opinião de algumas pessoas. De sete entrevistados, três erraram e quatro utilizaram a forma correta:

Ela quer ficar a sós.

Quando utilizamos a preposição “a”, a expressão é fixa, invariável, nunca se flexiona:

Eu quero ficar a sós.
Ela quer ficar a sós.
Nós queremos ficar a sós.
Elas querem ficar a sós.

E se tirarmos a preposição “a“? Nesse caso “sós” passa a ser adjetivo e, dessa forma, precisa concordar em número com o pronome ou substantivo com que se relaciona:

Eu quero ficar só.
Ela quer ficar só.
Nós queremos ficar sós.
Elas querem ficar sós.

Uma dica: o “só“, nesse segundo caso, equivale a “sozinho“.

Substitua uma palavra pela outra e veja se a frase faz sentido: “Eu quero ficar a sós.” / “Eu quero ficar a sozinhos.” Não faz o menor sentido, não é? Mas no outro caso a substituição dá certo. Não há como errar!

Eu quero ficar só. / Eu quero ficar sozinho.
Ela quer ficar só. / Ela quer ficar sozinha.
Nós queremos ficar sós. / Nós queremos ficar sozinhos.
Elas querem ficar sós.” / “Elas querem ficar sozinhas.
FONTE: QUERO APRENDER PORTUGUÊS

Pronome - Aula 2 - Parte 1: Pronomes pessoais


O HOMEM QUE EU AMO - FAFÁ DE BELÉM

Mônica Salmaso - Valsinha

UTILIDADE PÚBLICA: SAÚDE

A CÉLEBRE RÃ SALTADORA DO CONDADO DE CALAVERAS / MARK TWAIN


Atendendo ao pedido de um amigo, que me escrevera de Leste, fui visitar Simão Wheeler, bom homem, sem outro defeito que urna grande loquacidade. Ia pedir-lhe notícias de um tal Leônidas W. Smiley, amigo de meu amigo, como este me recomendara. Cumprida a missão, venho relatar aqui o resultado da visita. Tenho uma vaga desconfiança de que Leônidas W. Smiley não passa de um mito e de que meu amigo não o conheceu senão em pensamento. Penso que ele tenha feito apenas conjeturas, pois falando ao velho Simão Wheeler, este naturalmente se lembraria do infame Jim Smiley, aborrecendo-me com alguma incrível reminiscência dele, não somente longa e fastidiosa, como também inútil para mim. Se foi essa a intenção, não há dúvida de que foi bem sucedido.

Encontrei Simão Wheeler dormindo confortavelmente, junto ao fogão da sala comum, numa velha e arruinada taverna do antigo campo mineiro do Anjo. Observei que ele era gordo e calvo, possuindo uma expressão de urbanidade insinuante e de simplicidade tranqüila na fisionomia. Levantou-se e me deu os bons dias. Disse-lhe então que um dos meus amigos me encarregara de lhe fazer algumas perguntas acerca de um querido companheiro de infância chamado Leônidas W. Smiley — o Reverendo. Leônidas W. Smiley, jovem ministro evangélico que, segundo ele ouvira dizer, residira durante algum tempo no campo do Anjo. Acrescentei que se Mr. Wheeler me pudesse dizer alguma coisa sobre ele, os meus agradecimentos e os do meu amigo seriam eternos.

Simão Wheeler colocou-me de costas a um canto da sala e ali me bloqueou com uma cadeira; fez-me então sentar e desenrolou a monótona história que se vai ouvir. Simão Wheeler não sorriu nem se alterou uma única vez; manteve, até o fim, o mesmo tom de voz manso e fluente com que iniciou a narrativa. No entanto, através do interminável raconto, transparecia a seriedade com que ele encarava o assunto. Pude convencer-me de que, longe de ver qualquer coisa de ridículo na sua história, ele a considerava como realmente importante, e admirava os seus dois heróis como homens geniais, sobretudo, quanto à delicadeza de maneiras. Para mim, o espetáculo de um homem deslizando tão serenamente em meio a tão extravagante enredo, sem sorrir uma vez sequer, era perfeitamente absurdo. Como já disse, pedi-lhe que me informasse o que sabia a respeito do Reverendo Leônidas W. Smiley. Deixei-o falar, sem interrompê-lo uma única vez:

Havia aqui um indivíduo conhecido pelo nome de Jim Smiley, no inverno de 1849 — ou talvez na primavera de 50 — não posso recordar exatamente, pois o que me faz crer numa ou noutra data é a lembrança de que o grande canal ainda não estava concluído quando ele apareceu pela primeira vez. Mas, em 49 ou 50, o fato é que ele era o homem mais notável que se pode imaginar. A propósito de qualquer coisa, estava sempre disposto a fazer uma aposta. Era a sua mania. Se não podia levar o adversário para o lado contrário, mudava de opinião. O que ele queria era apostar. Tinha sorte extraordinária: ganhava sempre. Não se podia falar no objeto mais isolado sem que o tal camarada logo sugerisse uma apostazinha, pró ou contra. Se se tratava de uma corrida de cavalos o nosso homem enriquecia ou ficava a nenhum. Se era de luta de cães, apostava; se uma briga de galos, apostava; se estavam dois pássaros pousados numa árvore, queria logo apostar qual dos dois voaria primeiro; se havia reunião no campo era certo apresentar-se a apostar pelo Cura Walker, que ele afirmava ser o melhor pregador da redondeza. Se visse uma barata encaminhar-se para qualquer parte, queria logo apostar para saber quanto tempo ela levaria para chegar ao ponto do seu destino, e se pegassem na sua palavra iria atrás da barata até o México, sem pensar na distância ou no tempo que iria perder.

Ainda vivem inúmeras pessoas que o conheceram e que lhe poderão contar muitos casos sobre ele. O fato é que ninguém jamais notou a mínima diferença no seu estado de ânimo: estava sempre pronto a fazer uma aposta. Uma vez a mulher do Cura Walker esteve muito doente e parecia que não se salvaria. Certa manhã este veio ao campo e Smiley perguntou-lhe por ela. Respondeu-lhe o cura que ela estava consideravelmente melhor — graças à infinita misericórdia do Senhor e que se sentia já tão forte que, com o fervor da Providência, em breve estaria completamente restabelecida. Smiley, sem pensar no que dizia, retrucou-lhe: "Aposto o que quiser como ela não vai melhorar!"

Este mesmo Smiley possuía uma égua a que os rapazes — por brincadeira, está claro — chamavam "Lerdona". A verdade é que ele ganhava seus bons cobres com ela, apesar da sua lerdice e das suas doenças, pois estava sempre. com asma, disenteria, tísica ou qualquer outra coisa parecida. Nas corridas costumavam dar-lhe cem, duzentos ou trezentos metros de vantagem e assim mesmo passavam-lhe adiante sem dificuldade. Mas no fim da carreira ela sempre se excitava, enfurecendo-se e o resultado é que chegava — à custa de coices, corcoveios, de muita poeira levantada e muitos rinchos e roncos — à meta quase sempre em primeiro lugar e pela diferença exatamente de uma cabeça.

Smiley possuía, também, um pequeno "bull-dog" tão insignificante que ao vê-lo não se podia imaginar valesse coisa alguma. Chegava mesmo a parecer um cão que vivia a vaguear à espera de uma oportunidade para roubar qualquer coisa. Bastava, porém, haver dinheiro em lance para que o cão se tomasse outro. O queixo alongava-se-lhe como o castelo de proa de um vapor, os dentes brilhantes, ferozes e unidos como as muralhas de uma fortaleza. Qualquer cão podia agarrá-lo e mordê-lo à vontade, girando-o para todos os lados, até pô-lo. em fuga. Andrew Jackson — assim se chamava o "bull-dog" — mantinha-se firme, sem denotar surpresa alguma, até que as apostas se desdobrassem ou multiplicassem. Quando já não havia mais dinheiro para ser jogado, ele, num salto imprevisto, agarrava o adversário pela junta da pata direita e, fincando-lhe os dentes, suspendia-o como que por brincadeira, assim permanecendo, se fosse preciso, um ano inteiro. Smiley ganhava sempre com ele. Um dia, porém, trouxeram um cão que não possuía a pata direita. Quando as coisas estavam no ponto desejado e em apostas todo o dinheiro que havia, Andrew Jackson atirou-se ao ponto predileto, mas viu, num relance, que fora logrado. Parou surpreendido e desorientado, sem fazer o menor esforço para vencer. Dirigiu a Smiley um olhar cheio de lástima, como que para lhe dizer que o seu coração estava partido e que o culpado era ele, por ter colocado à sua frente um adversário sem pata direita. Soltou, depois, um longo e angustiado gemido e, estendendo-se no chão, ali soltou o último suspiro. Era um excelente cachorro o tal Andrew Jackson. Prometia vir a ter um grande nome se vivesse, pois possuía estofo para tanto. Era genial, não há dúvida; as circunstâncias é que não o favoreceram. Concordareis comigo que se requer grande talento para lutar da maneira como ele fazia. Ainda fico triste quando me lembro do seu último combate e do modo como ele terminou. Continuemos, porém.

O tal Smiley possuía galos de briga, gatos bravos e tudo o mais que se pode imaginar no gênero. Ninguém podia permanecer quieto perto dele, pois não era possível apresentar-lhe nenhum objeto de aposta que ele não tivesse logo outro para opor.

Um dia Smiley apanhou uma rã e levando-a para casa nos disse que ia domesticá-la. Durante três meses não fez outra coisa senão ensiná-la a saltar. Dava-lhe. uma pancadinha atrás e logo em seguida via-se a rã dar uma ou duas voltas no ar, segundo o impulso recebido, indo cair lá adiante, sobre as patas, como um gato. Exercitou-a na arte de apanhar moscas e fez desse exercício uma prática tão constante que as moscas, por mais longe que passassem, eram logo abocanhadas. Smiley costumava dizer que às rãs faltava somente a educação e que, uma vez educadas, seria possível fazer com elas o que bem quiséssemos. Não uma, mas inúmeras vezes vi Daniel Webster — era o nome da rã — exibir as suas habilidades. Smiley dizia-lhe:

— Moscas, Daniel. Moscas!

Num abrir e fechar de olhos Daniel dava um pulo, apanhava 11 mosca, e punha-se a coçar a cabeça com uma das pernas traseiras, como se não tivesse a menor idéia de ter realizado uma proeza superior a qualquer outra rã. Não há memória de se ter visto rã tão modesta e simples, levando-se em conta, está claro, os extraordinários dotes do que ela era dotada. Quando se tratava de avançar em terreno plano, dava pulos de que nenhum outro animal da sua espécie seria capaz. O salto para a frente constituía o seu forte. Neste caso Smiley apostava nela todo o dinheiro que possuía no momento. Tinha um monstruoso orgulho da sua rã, e nada mais razoável do que isso, porque pessoas que tinham viajado e visto inúmeras coisas, ao chegarem ali, ficavam boquiabertas.

Smiley guardava a rã numa gaiola e freqüentemente a levava à cidade para apostas.

Um dia, um indivíduo — estranho ao lugar — vendo-o com a gaiola perguntou-lhe:

— Que diabo levas aí?

Smiley respondeu-lhe, com grande indiferença:

— Isto podia ser um papagaio ou um canário, mas não é; é simplesmente uma rã.

O outro pegou na gaiola, olhando-a por todos os lados atentamente e depois lhe disse:

— É verdade! E para que serve esse animal?

— Para que serve? Para muitas coisas. Pode bater, no salto, toda e qualquer rã do condado de Calaveras.

O outro torna a pegar na gaiola, examina-a com todo o cuidado e, restituindo-a ao dono, exclama com ar decidido:

— Já vi! E não creio que esta rã seja melhor ou pior de que qualquer outra.

— É possível, — respondeu Smiley. — Talvez o senhor entenda muito do assunto, ou talvez não entenda nada. Tenho, porém, minha opinião e aposto quarenta dólares em como esta rã será capaz de bater, no salto, qualquer outra rã do condado de Calaveras.

O outro esteve a meditar um instante depois disse com ar de tristeza:

- Pois bem: sou estrangeiro e não trago comigo nenhuma rã. Mas se tivesse uma aceitaria a aposta.

— Tudo se arranja, tudo se arranja, respondeu Smiley. Se quiser segurar a gaiola por um instante, irei buscar-lhe uma rã.

O estrangeiro toma a gaiola, coloca seus quarenta dólares sobre os de Smiley e senta-se, para esperar.

Como Smiley tardasse, teve tempo para pensar sobre o caso. E imagine do que foi ele se lembrar!... Agarrou Daniel, abriu-lhe a boca com uma colher de chá, encheu-lhe o bucho de chumbo e, depois de enchê-la bem, colocou-a novamente no chão. Smiley, durante esse tempo, esteve a patinhar no charco, até que por fim conseguiu apanhar uma rã, trazendo-a ao seu adversário:

— Agora, se está pronto coloque-a ao lado de Daniel, com os pés dianteiros na mesma linha. Eu darei o sinal.

Em seguida, gritou:

— Um, dois, três — salta. — E tanto Smiley como o estrangeiro tocaram, cada um, sua rã, para dar-lhes o impulso inicial. A nova rã saltou vivamente, mas Daniel limitou-se a soltar um gemido e, por mais esforços que fIzesse, não conseguiu sair do lugar. Não podia mover-se. Estava cravada na terra mais solidamente do que uma catedral. Era como se estivesse ancorada. Smiley estava surpreendido e desgostoso, mas não desconfiava de coisa alguma.

O estrangeiro apanhou o dinheiro e preparou-se para ir embora, mas ao partir, com um ar impertinente, ainda murmurou:

— Não vejo no que esta rã é melhor do que as outras.

Smiley permaneceu um tempão a coçar a cabeça, com os olhos fitos em Daniel, até que por fim disse:

— Não posso explicar como diabo é que esta rã se recusa a saltar... A não ser que tenha alguma coisa... Doente, não está... Parece isto sim, mais gorda...

Agarra, então, Daniel, pela pele do pescoço e ao levantá-la exclama:

— Os diabos me levem se ela não pesa cinco libras...

Voltou-a de cabeça para baixo e a infeliz vomitou duas mãos cheias de chumbo. Quando Smiley percebeu o que sucedera, ficou como louco. Pôs a rã no chão e desatou a correr à. procura do estrangeiro mas não pôde alcançá-la. E...

Neste ponto da sua narrativa, Simão Wheeler ouviu' que o chamavam e foi ver quem era. Antes disso, porém, voltou-se para mim, dizendo:

— Espere-me um instante, que não tardarei...

Mas, com licença de quem me ouve, não me pareceu que o resto da história de Jim Smiley pudesse trazer algum discernimento a respeito do Reverendo Leônidas W. Smiley e por isso tratei, também, de sair.

À porta, encontro o amável Simão Wheeler, que, segurando-me pelo braço, recomeçou:

— Pois este Smiley possuía uma vaca amarela, muito gorda, cega de um olho e sem rabo, isto é...

— Oh! Mande Smiley e sua vaca amarela para o inferno - resmunguei eu. E, desejando-lhes boas tardes parti.

Revista “Ficção”, Editora Ficção Ltda., Rio de Janeiro, edição nº 10, de Outubro de 1976, pág. 77.


REDAÇÃO: 10 DICAS


Em um tempo de redação para vestibular, além da estrutura, que deve ser bem cuidada, de nos informarmos bem para que não cometamos deslizes, devemos evitar os chamados “pecados mortais da redação”. Tome nota:

1- Lugares-comuns ou clichês, adjetivos cristalizados, desgastados pelo uso:

Não há nada mais desgastante para um texto do que o costume de repetir infinitamente os chamados clichês ou o que chamamos de “senso comum”. Fuja disso, forme opiniões próprias com expressões também suas, que carreguem os seus pontos-de-vista de maneira absolutamente particular quando articulados. Veja “ótimos” maus exemplos:

“É uma tristeza muito grande ver até aonde o Brasil chegou.”

“Devemos lutar, com o coração cheio de esperanças, por uma pátria livre e por um povo feliz”

“Os governos devem fazer enormes esforços para que o povo desta Pátria possa ser considerado pessoas valorizadas.”

“A crise de energia é apenas uma parte da questão.”

2- Linguagem coloquial e abstrações grosseiras:

Você já ouviu falar que a teoria na prática é outra, não ouviu? Pois, então, acrescente a isso uma outra circunstância também já citada: falar é uma coisa e escrever é outra, completamente diferente.

Você já leu que, às vezes, carregamos os vícios da fala para o texto que estamos escrevendo. Evite isso, vigie-se constantemente. Observe os erros mais frequentes:

a) Se o apagão vai vir para ficar… (Se o apagão virá…)

b) O presidente pegou e pensou que o povo brasileiro era burro. (O presidente pensou (imaginou) que o povo brasileiro fosse…)

c) A nível de competência, João é muito mais que José. (João é mais competente que José. A expressão a nível de jamais deve ser usada como ordem indicadora ou comparativa)

d) Com a derrota da inflação, o povo ficou hiper feliz. ((…) ficou demasiadamente feliz)

e) E as deploráveis expressões coloquiais: isto quer dizer que… isto significa que… que podem ser vastamente usadas na fala (os professores usam muito, observe), mas são condenadas na escrita.

f) Então, diante das tristezas que vemos acontecer a este país, paramos e pensamos, é preciso mudar! (Aqui, o parar é apenas expressão coloquial, não use, exclua-o!)
3- Verdades evidentes (os conhecidos truísmos):

Os chamados truísmos são denunciadores, em primeiro lugar, da fragilidade de nossas ideias, que se deixam assentar sobre o óbvio; em segundo, denunciam o uso do senso comum, das obviedades constantes que ouvimos.

Veja os exemplos:

O primeiro turno das eleições brasileiras acontece sempre em outubro…

Os homens, que são animais racionais…
4- Excesso de adjetivação para caracterizar circunstâncias fatos e acontecimentos:

O magnífico, inesperado e formidável desempenho da CPI da Corrupção…
5- Queísmo (encadeamento de quês sequenciados):

O certo é que, sabedores de que foram escolhidos pelo povo que neles votou de maneira inocente, os políticosque desonram tais votos que…

Observação: não existe apenas o queísmo; nas redações somos atacados por “maisismo”, ‘poisismo”…

6- Uso de provérbios ou ditos populares:

Cuide bem disso e não corra riscos. Quando estamos sob forte pressão para escrever nossa dissertação no vestibular, acabamos por lançar mão de tais estranhezas. Fuja de todos eles: empobrecem o texto.

7- Uso de gírias:

“O problema da violência é algo de que não podemos fugir. Por décadas sucessivas, assistimos ao abandono de um número incontável de neguinhos muitos caras geram os filhos e não querem assumir. Esses caras são, na maioria, gente da pesada que não deixa de curtir seu baratoso, não dando a mínima para os filhos.”

8-Análise dos temas propostos utilizando emoções exageradas:

“Os bandidos são assassinos impiedosos que nunca compreenderão o que é ser humano. Roubam, matam e furtam, não levando em consideração a vida dos inocentes. Suas almas malditas hão de arder no fundo dos infernos e Deus não terá misericórdia deles.
Morte aos bandidos!”

9- Mau título:

Outra tendência do vestibulando é colocar um título banal na dissertação. Não se esqueça de que ele, o título, é como se fosse o nosso cartão de apresentação para o corretor. Evite usar títulos longos ou, pelo contrário, títulos formados apenas por artigo + substantivo (ou artigo + adjetivo + substantivo (A reforma agrária / A beleza do país). É fatal.

10- Tente não analisar o tema proposto sob apenas um dos ângulos da questão.

Afinal, já aprendemos que (para conhecer o gato, é preciso conhecer o ponto de vista do rato. “E a lição de Alice no País das Maravilhas é uma bela e inesquecível lição: “Se queres, Alice, conhecer o ponto de vista do gato, conheças também o ponto de vista do rato.”

http://guiaedicas.com/10-erros-graves-na-redacao-do-vestibular/

REGÊNCIA DE ALGUNS VERBOS


*Verbos intransitivos

Chegar e ir são normalmente acompanhados de adjuntos adverbiais de lugar. Na língua-padrão, as preposições usadas para indicar direção são "a" e "para". A preposição "em" deve ser usada para indicações de tempo ou meio. Exemplos:
Chegamos a Salvador em meados de janeiro.
Cheguei a Manaus num velho barco.
Fui ao cinema no domingo.
Fomos para Brasília.

*Verbos transitivos diretos

Veja abaixo uma lista de verbos transitivos diretos: abandonar, ajudar, conservar, prejudicar, abençoar, alegrar, convidar, prezar, aborrecer, ameaçar, defender, proteger, abraçar, amolar, eleger, respeitar, acompanhar, auxiliar, estimar, socorrer, acusar, castigar, humilhar, suportar, admirar, condenar, namorar, adorar, conhecer, ouvir, visitar. Na língua-padrão, o funcionamento desses verbos é idêntico ao do verbo amar:
Amo aquela mulher/Amo-a.
Amam aquele menino./Amam-no.
Ele vai amar aquela mulher. / Ele vai amá-la.
Observação:

Como já sabemos e foi visto acima, os pronomes pessoais do caso oblíquo que atuam como objetos diretos são “o, os, a, as” que podem assumir as formas Io, los, Ia, Ias (após formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, nos, na, nas (após formas verbais terminadas em sons nasais). Não se devem usar como complemento desses verbos os pronomes lhe, lhes.

*Verbos transitivos indiretos

Como sabemos, os pronomes pessoais do caso oblíquo que atuam como objetos indiretos de pessoa são lhe, lhes: não se devem usar os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não indicam pessoa, usam-se os pronomes oblíquos tônicos de terceira pessoa em lugar dos pronomes átonos lhe, lhes. Lembre-se de que os verbos transitivos indiretos não admitem voz passiva – falarei disso mais pra frente neste post. Antipatizar e simpatizar, que têm complemento introduzido pela preposição com:
Antipatizo com os que defendem aquele rapaz.
Simpatizo com os que defendem a proibição da caça às baleias.

Esses verbos não são pronominais. Não se deve dizer, portanto, “antipatizei-me com alguém” ou “simpatizei-me com alguém”. Consistir, que tem complemento introduzido pela preposição "em":
Desenvolvimento consiste em melhor padrão de vida para todos.

Obedecer e desobedecer, que têm complemento introduzido pela preposição "a":
Obedeço a velhos preceitos. / Não desobedeço a meus princípios.

Apesar de transitivos indiretos, admitem a voz passiva analítica:
Sinais de trânsito devem ser obedecidos.
Certas normas mínimas de civilidade não podem ser desobedecidas.

Observe que obedecer-lhe equivale a “obedecer a alguém”, enquanto “obedecer a ele” ou “obedecer a ela” equivalem também a “obedecer a algo” (por exemplo, a uma lei). Isso acontece também a desobedecer.Responder, que tem complemento introduzido pela preposição "a":
Respondi a vários interessados.
Respondemos às questões propostas.

Também admite voz passiva analítica, desde que o sujeito seja aquilo a que se responde:
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente.

*Verbos indiferentemente transitivos diretos ou indiretos

Alguns verbos podem ser usados como transitivos diretos ou transitivos indiretos, sem que isso implique alteração de sentido: abdicar (de), anteceder (a), consentir (em), preceder (a), acreditar (em), atender (a), deparar (com), presidir (a), almejar (por), atentar (em, para), gozar (de), renunciar (a), ansiar (por), cogitar (de, em), necessitar (de), satisfazer (a). Também podem ser usados como transitivos diretos ou transitivos indiretos os verbos esquecer e lembrar. Nesse caso, porém, há um detalhe importante: quando transitivos indiretos, esses verbos são também pronominais:
Esqueci tudo.
Esqueci-me de tudo.
Não esqueça seus amigos.
Não se esqueça de seus amigos.
Não esquecemos nossas reivindicações.
Não nos esquecemos de nossas reivindicações.
Não lembro nada.
Não me lembro de nada.

Esses verbos também apresentam uma outra possibilidade de construção hoje restrita à língua literária:
Não me esquecem aqueles dias maravilhosos. (= não me saem da memória…)
Não me lembrou o dia dos teus anos. (= não me veio à lembrança…)

Lembrar, no sentido de “advertir, notar, fazer recordar”, usa-se com objeto indireto de pessoa e objeto direto que indica a coisa a ser lembrada:
Lembrei aos meus amigos que muita coisa ainda tinha de ser feita.

*Verbos transitivos diretos e indiretos

Agradecer, perdoar e pagar, que apresentam objeto direto de coisa e objeto indireto de pessoa:
Agradeci a ajuda a meu velho amigo.
Não perdoarei a dívida aos maus pagadores.
Pagamos as contas ao cobrador.

O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito com particular cuidado. Observe:
Agradeci um favor. / Agradeci-o.
Perdoei a quem me ofendeu. / Perdoei-lhe.
Agradeci a um amigo. /Agradeci-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.

Informar, que apresenta objeto direto de coisa e objeto indireto de pessoa, ou vice-versa:
Informe os novos prazos aos interessados.
Informe os interessados dos novos prazos, (ou sobre os novos prazos)

Quando se utilizam pronomes como complementos, podem-se obter as construções:
Informe-os aos interessados. / Informe-lhes os novos prazos.
Informe-os dos novos prazos. / Informe-os deles, (ou sobre eles)

Preferir, que na língua-padrão deve apresentar objeto indireto introduzido pela preposição a:
Prefiro doces a salgados.
Preferimos liberdade a privilégios.
Prefiro que me ajudes a que me aconselhes.

Esse verbo deve ser usado sem termos intensificadores como muito, antes, mil vezes, um milhão de vezes. Segundo os gramáticos que fazem essa observação, a ênfase já é dada pelo prefixo verbal.
FONTE: QUERO APRENDER PORTUGUÊS

PREDICADO VERBAL


Predicado verbal é aquele que tem um verbo como núcleo. Este verbo pode apresentar um complemento ou não.
No exemplo dado teríamos:
Mimar você. VTD + OD
Há orações que apresentam complemento verbal (objeto direto e objeto indireto). Chamamos de transitivos os verbos que trazem estes complementos. Dessa forma, temos:
Verbos transitivos diretos: são aqueles em que não há preposição entre o verbo e o seu complemento.
Verbos transitivos indiretos: são aqueles em que há preposição.
Claro, se houver os dois complementos para o mesmo verbo, temos a transitividade direta e indireta.
E os verbos intransitivos? Intransitivos são os que não trazem complementos verbais.
CUIDADO: Existem verbos intransitivos que apresentam preposição, não para formar objeto indireto, mas para compor adjunto adverbial.
Vamos às explicações então. Observem os exemplos que seguem:

O professor viu o vídeo da canção.
Sujeito + v.t.d. + Objeto direto

Vejam que o verbo “viu” precisa de complemento, por isso é transitivo. Quem vê, vê algo, eu diria. O complemento é “o vídeo da canção” e como se liga ao verbo sem a necessidade de preposição, este é classificado como transitivo direto. Cabe ainda dizer que o sujeito (o professor) praticou a ação de ver e “o vídeo da canção” recebeu a ação, portanto o objeto direto tem valor passivo.
Vamos a mais um exemplo:

O professor precisava de ajuda profissional.
Sujeito + v.t.i. + objeto indireto

Nesse exemplo, o verbo apresenta um complemento e liga-se a esse por meio da preposição “DE”. A preposição “de” caracteriza uma transitividade indireta. Quem precisa, precisa de algo.
Pra encerrar os exemplos de verbos transitivos, vejamos um com dois tipos de complementos.

As provas de amizade trouxeram cumplicidade aos namorados.
Sujeito + v.t.d.i. + obj. dir. + obj. indir.

Veem alguma semelhança com os exemplos primeiros? “As provas de amizade” trouxeram algo a alguém. São dois os complementos verbais. Temos o objeto direto e o objeto indireto. O objeto direto é “cumplicidade” e o objeto indireto é “aos namorados”.
Pra encerrar o assunto “transitividade verbal”, vejamos um exemplo em que não há transitividade.

A brasiliense viajou.
Sujeito + v.i.

Eu afirmei que não há transitividade e isso se justifica pela ausência de complemento verbal. O prefixo “in” comunica a não transitividade verbal, isto é, o verbo não apresenta um complemento verbal.

Não adianta decorar listas de verbos. Análise sintática é a classificação das palavras e expressões no contexto em que estão inseridos. Isso significa que um mesmo verbo pode ser ora transitivo direto, ora transitivo indireto.

FONTE: QUERO APRENDER PORTUGUÊS

SINTAXE


Termos essenciais da oração – Sujeito

Sujeito e predicado são, no geral, os termos essenciais da oração. No geral, pois existe oração sem sujeito. Ao sujeito se atribui a prática da ação, na maioria das vezes. O predicado é tudo menos o sujeito.

SUJEITO

Sujeito determinado simples – Quando empregado na oração, apresentando um núcleo.

Ex.: Antônio continua inquieto.

Sujeito determinado composto – Há mais de um núcleo.

Ex.: Regina e Roberto estão inquietos.

Sujeito indeterminado – verbo na 3ª pessoa do plural sem referenciar o sujeito; verbo no infinitivo sem referenciar o sujeito; v.t.i. + se / v.i. + se / v. de ligação + se

Exemplos:

Estudam Matemática e Língua Portuguesa, todos os dias.

Fique esperto porque verbo na 3ª pessoa do plural, sem indicar quem pratica a ação espelha um sujeito indeterminado. Contudo, se o contexto comunicar ou revelar o sujeito, passamos a ter um sujeito implícito. Ou seja, em “Lúcia e Paula foram à praia. Beberam água de coco.” Para o verbo BEBER o sujeito está implícito.

Aspira-se a cargos públicos. [ verbo transitivo indireto + índice de indet. do sujeito ]

Está-se orgulhoso. [ verbo de ligação + índice de indeterminação do sujeito ]

Trabalha-se bastante, naquele escritório. [ verbo intransitivo + índice de indet. do sujeito ]

Nos três exemplos acima, o sujeito está indeterminado. Cuidado com os concursos públicos, pois é comum flexionarem os verbos em negrito s, pondo-os na 3a pessoa do plural. Verbo intransitivo, transitivo indireto ou verbo de ligação seguido do pronome “se” não recebe flexão verbal. Flexioná-los seria erro de concordância verbal.

Reviver boas ações é oportuno ao homem.

“Reviver boas ações” é o sujeito oracional do verbo SER

“boas ações” é o objeto direto do verbo REVIVER.

“Reviver boas ações”, por ser uma oração com o verbo no infinitivo sem referenciar o agente da ação traz um sujeito indeterminado.

a) Sujeito acusativo – Quando o sujeito exerce a função de objeto direto, também. Ocorre apenas com os verbos MANDAR, DEIXAR, FAZER, OUVIR, SENTIR e VER + o termo que será o sujeito acusativo + verbo no infinitivo ou no gerúndio.

Mandar, Ouvir, Sentir, Ver, Deixar, Fazer + Substantivo ou pronome + verbo no infinitivo ou no gerúndio

Exemplos.:

Vi o rapaz cantar (vi-o cantar) * O termo grifado é o sujeito acusativo, pois exerce a função de objeto direto do verbo VER e a função de sujeito do verbo CANTAR.

Não o deixei dormindo. * o termo grifado é sujeito acusativo oracional.

Ouvi pessoas trabalhar. * O sujeito acusativo é representado pronominalmente por pronomes pessoais do caso oblíquo. Assim, o pronome em negrito ao lado representa o substantivo grifado “pessoas”. Se usássemos “Ouvi elas trabalhar” haveria erro quanto ao emprego de pronomes.

Ouvi-as trabalhar.

Vejam só os exemplos seguintes:

- Percebi eles chegando à porta [ correto ]

- Percebi-os chegando à porta [ errado, pois não temos sujeito acusativo ]

O sujeito acusativo, ou seja, o sujeito objetivo direto só ocorre com os verbos selecionados acima [ mandar/deixar/fazer/ouvir/sentir/ver ]. Em latim, o nosso objeto direto é chamado de acusativo. Logo, sujeito acusativo é o sujeito do infinitivo ou do gerúndio que exerce a função do objeto direto dos verbos selecionados acima. Sua representação pronominal é com os oblíquos. Não havendo sujeito acusativo, o termo referenciado ( o substantivo contextualizado ) deve ser substituído por pronome pessoal do caso reto.

b) Sujeito oracional – Quando o núcleo do sujeito for constituído por um verbo.

Exemplos.:

Estudar todo o programa é necessário.

Quem estuda edifica castelos.

CUIDADO: O uso de vírgula entre o sujeito oracional e seu verbo diretamente empregados é comum. Logo, “Quem estuda, edifica castelos” apresenta erro de pontuação.

Comunicar os fatos que nos circundam aos leitores que nos acompanham proporciona conforto.
Todo o termo em negrito acima é o sujeito oracional do verbo “proporciona”. Os dois termos grifados são respectivamente objeto direto e objeto indireto. Existem orações subordinadas adjetivas ( adjuntos adnominais oracionais ) integrando os complementos verbais. Só o ponto final no período estaria correto. Todavia, se o emissor quiser, pode tornar as orações subordinadas adjetivas restritivas em orações subordinadas adjetivas explicativas. Para tanto, bastaria pontuar com vírgulas ou travessões as orações adjetivas. Vejamos:

1) Comunicar os fatos, que nos circundam, aos leitores, que nos acompanham, proporciona conforto;

2) Comunicar os fatos – que nos circundam – aos leitores – que nos acompanham – proporciona conforto;

3) Comunicar os fatos, que nos circundam, aos leitores que nos acompanham proporciona conforto ( apenas a primeira oração subordinada adjetiva é explicativa );

4) Comunicar os fatos que nos circundam aos leitores , que nos acompanham, proporciona conforto. ( apenas a segunda oração adjetiva é explicativa).

c) Sujeito Inexistente

São estruturas que não apresentam sujeito:

- Verbo “haver” no sentido de “existir”.

- Verbo “fazer” indicando tempo.

- Verbos que expressam fenômenos naturais.

- Verbo “ser” indicando tempo / hora.

Exemplos.:

Haveria reuniões, se…

Há de haver dificuldades.

O verbo HAVER no sentido de existir é impessoal, ou seja, a oração é sem sujeito. Deve ser empregado sempre na 3a pessoa do singular. Os concursos públicos geralmente solicitam a concordância verbal. Logo, é oportuno ressaltar que o verbo HAVER nesse caso ( no sentido de EXISTIR ) não se flexiona. Quanto à predicação, deve ser lido como transitivo direto. Em “Haveria reuniões, se…”, “reuniões” é objeto direto. Como verbo não concorda com complemento verbal, use o verbo na 3a pessoa do singular, sempre. Em “Há de haver dificuldades”, observe que o verbo auxiliar da locução verbal permanece na 3a pessoa do singular. Portanto, também está correta a concordância verbal, não havendo impropriedade gramatical na estrutura frasal.

São quatro horas.

Trata-se de uma oração sem sujeito. Mesmo assim, o verbo está com propriedade no plural. É que o verbo SER deve manter concordância com o núcleo do adjunto adverbial de tempo. Sintaticamente, “quatro horas” é adjunto adverbial de tempo, sendo “horas” o núcleo do adjunto adverbial de tempo, e “quatro” é adjunto adnominal do adjunto adverbial de tempo. Embora haja literaturas dizendo que “quatro horas” é predicativo, leia “quatro horas” como adjunto adverbial de tempo. Outrossim, ressaltemos que o verbo SER não está concordando com o número de horas. Em verdade, o verbo SER está concordando com o núcleo do adjunto adverbial de tempo, visto que o substantivo tem precedência, sendo o numeral seu adjunto adnominal. Assim, se encontrar em uma prova a afirmação de que em “São quatro horas” não há impropriedade gramatical, pois o verbo SER está concordando com o número de horas, julgue como incorreta tal argumentação.

Faz duas semanas, apenas.

FAZER, indicando tempo, também é impessoal. Deve ser empregado na 3a pessoa do singular. Cuidado para não confundir com o verbo FALTAR. Este é pessoal. Assim, devemos escrever, por exemplo, “FALTAM DUAS SEMANAS, APENAS” e FAZ DUAS SEMANAS, APENAS. Na primeira estrutura, “DUAS SEMANAS” é sujeito, enquanto na segunda oração, de fato, “DUAS SEMANAS” é adjunto adverbial.

Choveu pouco, ontem.

Choveram conflitos durante o jantar.

Os verbos que expressam fenômenos naturais apresentam oração sem sujeito, permanecendo na 3a pessoa do singular. Contudo, em “Choveram conflitos durante o jantar”, temos a flexão na concordância, pois está no sentido figurado.

Faz / Fazem dois anos, deixando-nos convictos que os amamos, os gêmeos. ( Use o verbo no plural, pois “os gêmeos”é o sujeito do verbo FAZER.
Termos essenciais da oração – Predicado

É o que se diz quanto ao sujeito. Tudo menos o sujeito é o predicado. E se a oração não apresentar sujeito, teremos apenas predicado. Neste último caso, predicado já não será o que se diz sobre o sujeito. Classifica-se em predicado nominal, verbal, verbo-nominal. Quem caracteriza o predicado verbal é o verbo principal ( v.t.d./ v.t.i. / v.t.d.i. / vi ); quem caracteriza o predicado nominal é o predicativo do sujeito. Havendo verbo principal e predicativo, temos predicado verbo nominal.
Luciana trabalhou pouco. [ predicado verbal ]
Hortência está animada. [ predicado nominal ]
Hortência jogou animada. [ predicado verbo nominal ]
São duas horas. [ predicado verbal ]
Elas permanecem na sala. [ predicado verbal ]
Elas viraram freiras. [ predicado nominal ]
Elas estão na sala preocupadas. [ predicado nominal ]

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REAPROVEITANDO COM CRIATIVIDADE /ENVOLVERDE

DONALD MALSCHITZKY

IMAGEM DO TEMPORAL - JOINVILLE - TARDE DE 25/02/2014

Chuva forte na tarde desta terça-feira em Joinville:imagem 7

CRÉDITO DIORGENES PANDINI

CARTOLA - O TROVADOR DO SAMBA


Os mais antigos textos da literatura portuguesa datam do século XII, época em que algumas pessoas costumavam escrever poesias conjugadas com a música. Surgiram então as cantigas, um tipo de produção literária que basicamente enaltecia o amor ou criticava comportamentos da sociedade daquela época. Eram as cantigas de amor, amizade, escárnio e maldizer. Todas escritas pelos chamados trovadores. Mas por que estamos dizendo tudo isso? Porque oito séculos depois do Trovadorismo, nascia no Rio de Janeiro um dos maiores compositores da música brasileira de todos os tempos. Cartola, como ficaria conhecido, era um homem simples que ao longo de mais de cinco décadas construiu um dos legados musicais mais importantes do cancioneiro nacional. Ele compôs e cantou o amor como ninguém. Seu ritmo era o samba... Cartola pode ser considerado o nosso trovador do século XX, por ter composto as mais lindas cantigas de amor. Angenor de Oliveira, vulgo Cartola, é o trovador do samba. 

Cartola, "trovador do samba"

As composições do mestre Cartola

Paulinho da Viola e Cartola "Quem gosta de homenagem póstuma é estátua. Eu quero continuar vivo e brigando pela nossa música. Sinceramente, eu não acreditava que ainda viveria esse tempo de grande justiça que o povo brasileiro - apesar dos pesares - faz à música brasileira" (Cartola, Revista Manchete, 03.12.1977).
Ao longo de seus 72 anos de vida, Cartola compôs, sozinho ou em parcerias, cerca de quinhentas canções. Seus principais parceiros: Elton Medeiros, Carlos Cachaça, Noel Rosa e Dalmo Castello. Até hoje essas músicas são regravadas por vários intérpretes, tamanha é a grandeza de seus versos e melodias. "O Sol Nascerá" (uma composição do início dos anos 60), por exemplo, já teve mais de seiscentas regravações até o momento.

Entre algumas antológicas gravações das músicas de Cartola estão "Alvorada no Morro" (de Cartola, Carlos Cachaça e Hermínio Bello de Carvalho) na voz de Carlos Cachaça; "Garças Pardas" (parceria dos anos trinta de Cartola e Zé da Zilda), na voz de Clementina de Jesus;"Soldado do Amor" (de Cartola e Nuno Veloso) com Maria Creuza, e "Não Posso Viver Sem Ela" (de Cartola e Bide), com Paulinho da Viola.

A vida de Cartola 
(da infância até o reencontro com Dona Zica)
Angenor de Oliveira, o Cartola, nasceu no dia 11 de outubro de 1908, no Rio de Janeiro - mais precisamente no bairro do Catete. Por erro de um escrivão, seu prenome foi grafado Angenor. Era o quarto filho - de um total de sete - do casal Sebastião Joaquim de Oliveira e Aída Gomes de Oliveira. Aos 8 anos de idade, já desfilava em blocos carnavalescos de rua. Aos 11, por problemas financeiros, foi morar com a família no morro de Mangueira. Começou a trabalhar muito cedo. Foi tipógrafo e pedreiro. Aliás, foi na época em que trabalhava em obras que surgiu seu apelido - por causa do chapéu coco que usava durante o serviço para evitar que seu cabelo ficasse sujo de cimento. 
Cartola aos 11 anos


Dona Aída morreu prematuramente. Seu Sebastião era muito severo e chegou a expulsar Cartola de casa aos 17 anos de idade. Sozinho, o jovem Angenor envolveu-se com várias mulheres, adoeceu e deixou de trabalhar. Recuperado, juntou-se a mais seis amigos para criar a primeira escola de samba do subúrbio carioca - a Estação Primeira de Mangueira. Em 28 de abril de 1928, reunidos na casa do Euclides da Joana Velha, na favela da Mangueira, sete homens fundaram a Escola de Samba Estao Primeira de Mangueira: seu Euclides, Saturnino Gonalves (o Satur), Marcelino Jos Claudino (o Massu), Pedro Caim (o Pedro Paquet), Abelardo da Bolinha, Cartola e Z Espinguela. Cartola tornou-se diretor de harmonia da Escola. Passou a se dedicar à composição e aos poucos foi construindo um enorme repertório.

"Um dia apareceu lá no morro o Mário Reis, querendo comprar uma música. Estava com outro rapaz, que veio falar comigo. 'O Mário Reis está aí e quer comprar um samba teu'. Fiquei surpreso: 'O quê? Querendo comprar samba, você está maluco? Não vendo coisa nenhuma'. No dia seguinte ele voltou e me levou até o Mário Reis. Ele confirmou. 'É, Cartola, quero gravar um samba seu. Fique tranqüilo, seu nome vai aparecer direitinho. Quanto você quer por ele?' Pensei em pedir uns 50 mil réis. O outro rapaz falou baixinho: 'Pede uns 500 mil'. Eu disse: 'Você está louco, o homem não vai dar tudo isso'. Com muito medo, pedi os 500 mil. Em 1932, era muito dinheiro. O Mário Reis respondeu: 'Então eu dou 300 mil réis, está bom para você?'. Bom, ele comprou o samba mas não gravou. Quem acabou gravando foi o Chico Alves."
Depoimento de Cartola sobre o samba "Que infeliz sorte", ao programa MPB Especial (direção de Fernando Faro) - TV Cultura, 1973

Nos anos 40, sua vida entraria numa fase negativa. Ficou viúvo, contraiu meningite e trocou o morro da Mangueira pela Baixada Fluminense. Curado, voltou a viver no morro e começou a namorar dona Euzébia Silva do Nascimento, a famosa dona Zica - irmã da mulher do compadre Carlos Cachaça.

Dona Zica e Mangueira: duas paixões



Dona Zica nasceu em 1913. Conheceu Cartola ainda na infância, nos desfiles dos blocos carnavalescos de rua. Cartola pertencia aos Arrepiados, enquanto dona Zica era do Bloco do Seu Júlio. Foram se reencontrar depois de muitos anos, em 1952. Casaram-se depois de 12 anos juntos, em 1964. Passaram por dificuldades financeiras, abriram com mais dois sócios um restaurante chamado Zicartola (cartaz promocional no destaque) e desfrutaram juntos momentos inesquecíveis. Dona Zica foi fundamental na vida e na carreira de Cartola. Na época em que moravam juntos, Cartola compôs "As Rosas Não Falam", "Nós Dois" (feita dias antes do casamento de Cartola e Dona Zica) e "O sol Nascerá"(parceria com Elton Medeiros que se tornou um grande sucesso na voz de Nara Leão).

"Cartola e eu nos conhecíamos desde crianças, vivíamos ali no morro. Ele saía num bloco e eu em outro. Depois ele fundou a Mangueira e eu comecei a sair nela. Cartola casou-se com uma moça e eu também casei com outro rapaz. Saí do morro e ficamos muito tempo longe um do outro. Mais tarde eu fiquei viúva, ele também. Um dia nos reencontramos na casa da minha irmã. Ele jogou aquele papinho dele, eu também estava à toa, e daí estamos juntos até hoje".
Depoimento de dona Zica ao programa MBP Especial (direção de Fernando Faro) - TV Cultura, 1973

A outra paixão: o Grêmio Recreativo Escola de Samba Estação Primeira de Mangueira. O mestre de Mangueira, durante os dez primeiros anos, foi o compositor oficial dos sambas enredo da escola. É de sua autoria o primeiro samba escolhido para a escola desfilar, "Chega de Demanda". Alguns deles tornaram-se imortais, como "Vale do São Francisco" e "Tempos Idos". Cartola, no entanto, nem sempre se relacionou bem com a Mangueira. Durante os anos de 1949 e 1977, ele sequer desfilou. Os motivos eram sempre os mesmos: divergências com os diretores da Escola, que em várias ocasiões teriam transformado a escola num reduto eleitoreiro.

Mestre Cartola: seus discos, os últimos dias de vida e as homenagens póstumas

Cartola morreu de câncer em 30 de novembro de 1980, deixando vários órfãos na música. Seus parceiros, amigos e todos aqueles que desfrutaram de sua convivência até hoje sentem enorme saudade do grande e "divino" mestre de Mangueira.

Cartola só conseguiu realizar seu sonho de gravar um disco em 1974, aos 65 anos de idade. Sua vida conturbada e a falta de oportunidades fizeram com que sua obra só fosse conhecida oficialmente num disco lançado pelo produtor Marcus Pereira. Apesar de ter sido famoso nos anos trinta, reconhecido nos anos setenta e muito querido por todos (em destaque com o maestro Radamés Gnattali), Cartola nunca recebeu consideração à altura de sua obra. Nas duas últimas décadas, muitas foram as homenagens póstumas prestadas a ele por artistas como Beth Carvalho, Alcione, Paulinho da Viola, Chico Buarque, Leny Andrade, Cazuza e Marisa Monte. Exemplos disso são o LP "Bate Outra Vez" de 1988, o CD de Leny Andrade, lançado em 1994, e a homenagem prestada por Chico Buarque num CD gravado em 1997 (Chico Buarque de Mangueira) feito em companhia dos integrantes da Estação Primeira de Mangueira.

FONTE: TV CULTURA - ALÔ ESCOLA