O PÊNDULO DA SOLIDÃO - ISAAC RAMOS - HOMENAGEM A HUMBERTO ECO E GABRIEL GARCIA MARQUES


Há um eco infinito pendendo o momento
Do silêncio da escrita e da estrutura ausente
Há uma obra aberta sob o nome da rosa
Da rosa marcada pelo exílio de Baudolino
Que se perdeu com Loana
Na ilha do dia anterior.

Há um diário mínimo no qual consta
A definição da arte e as formas do conteúdo
Só que há mentiras que parecem verdades
Como o super-homem de massa
E o lector in fábula.

Enquanto isso vejo Maria dos prazeres
E um senhor muito velho com umas asas enormes
Entre amigos focando olhos de cão azul
Pobre memória de minhas putas tristes
Do amor e outros demônios
Que a literatura nos tempos do cólera me deixou.

Não rogo Eco não ergo Márquez
Não sou Umberto nem Gabriel
Sou apenas um poeta distante
Distinto e diferente de José
E agora?... Perdi a chave do tempo.

O silêncio me para
Entre a mentira e a ironia
E não sei mais passear pelos bosques da ficção
Resta-me apenas um espelho de tinta
No qual me projeto em cem anos de solidão.

PS: Escrevi esse poema dialogando com o amigo José Fernandes, que escreveu "Silêncio". Trata-se de uma homenagem poética a Umberto Eco e Gabriel Garcia Marquez. O mundo fica mais solitário e triste, hoje, com a morte do colombiano Garcia Marquez.

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