Artigo: Meu/ Minha ex está destruindo a minha imagem perante nosso filho.

Nosso casamento acabou há algum tempo, e com ele veio a decepção de um investimento de toda uma vida. Hoje somos inimigos, e o pior, nosso filho está sofrendo muito com isso. É, infelizmente, muito comum que a mágoa do final de um relacionamento traga consequências... muitas vezes quase que irreparáveis. Um dos pais ou ambos, falam de suas mágoas ao filho, que ama os dois e que se sente completamente confuso diante de tal situação. É um momento tão confuso e tão repleto de mágoas, que os pais por estarem envolvidos em sua dor, não conseguem perceber onde termina seu casamento e começa o sentimento de paternidade ou maternidade. Não são raros os casos em que eles (pais ou mães) permitem que seu relacionamento de casal interfira no relacionamento pais e filhos. Apesar de não ter a intenção consciente, acabam por destruir a estrutura emocional desse filho que tanto amam. 

As consequências podem ser desastrosas, saiba abaixo como funciona esse mecanismo de amor e ódio e qual a melhor maneira de lidar com ele. 
Ouço muitos casais que optam por não se separar e vivem toda uma vida infeliz com medo de machucar seus filhos. Esses filhos não são bobos. Eles percebem que são os responsáveis pela não separação do casal e consequentemente pela infelicidade de seus pais. Por outro lado, se as mágoas de um casamento desfeito, podem destruir toda a autoestima e sentimento de amor do filho... O que fazer? 
No Brasil, é a mãe que geralmente detém a guarda do filho ( a) no caso de uma separação. Mas o que eu vou relatar abaixo, independe de quem mantém ou não a guarda e sim a maneira que essa pessoa lida com o sentimento de frustração pelo fim de seu casamento. 

A mãe, por estar mais próxima do filho, faz uma vinculação inconsciente com um ou todos os filhos contra o pai que saiu de casa. 
A realidade é, não importa quem fala mal de quem, e nem se os motivos apontados são ou não verdadeiros. A criança está no meio de uma guerra que acabará por “afastá-la” de qualquer possibilidade de vínculo com o antigo parceiro. E isso, muita atenção... é tremendamente prejudicial à criança. Sim, eu disse prejudicial à criança! 

O filho, que também está sofrendo com o distanciamento e dor causados pela separação, vinculado a um dos pais, inicia um processo de ódio contra o outro pai. 

Gostaria de ressaltar que eu não estou defendendo nenhuma das partes. Nem pai, nem mãe, e sim tentando explicar o que ocorre com uma frequência bastante significativa. Minha intenção é a de mostrar que quem realmente é atingido com tudo isso é a criança. 

Pelas leis brasileiras, na grande maioria dos casos, quem detém a guarda dos filhos no momento da separação, é a mãe. Mas mesmo quando é o pai que detém a guarda, o processo que eu estou descrevendo acima, acontece EXATAMENTE da mesma maneira. 

O que ocorre é uma alteração do comportamento dos filhos, de “normal” a patológico. O que antes era saudade, agora é raiva. O que antes era ansiedade agora é rejeição. O normal seria a criança ficar ansiosa e feliz com a visita do pai ou mãe, mas ela se torna cada dia mais agressiva e rejeita aquele a quem tanto ama. 

Quando isso acontece, percebemos que a criança está sofrendo de SAP, ou Síndrome de Alienação Parental, que é quando um dos genitores (pai ou mãe) tenta induzir o ódio dos filhos pelo outro genitor. O mais importante neste momento é, antes de culpar o outro genitor... e consequentemente aumentar a discórdia que já existe, perceber que esta criança está sofrendo tanto quanto você, e que ela precisa dos DOIS PAIS unidos a seu favor, independente de morarem juntos, estarem separados ou não! 
“Estudos indicam que 80% dos filhos de pais divorciados ou em processo de separação já sofreram algum tipo de alienação parental.” 

“No Brasil, o número de órfãos de pais vivos é, proporcionalmente, o maior do mundo. Fruto de mães, que, pouco a pouco, apagam a figura do pai da vida e do imaginário da criança.” “Esse afastamento não é deletério apenas para a criança, mas, também, aos pais abandonados pelos filhos. Richard Gardner, professor do Departamento de Psiquiatria Infantil da Faculdade de Medicina e Cirurgia da Universidade de Columbia, EUA, conclui que: a perda de uma criança nesta situação pode ser mais dolorosa e psicologicamente devastadora para o pai-vítima do que a própria morte da criança, pois a morte é um fim, sem esperança ou possibilidade para reconciliação, mas os filhos da alienação parental estão vivos, e, consequentemente, a aceitação e renúncia à perda é infinitamente mais difícil e dolorosa.” (Extraído de: OAB - Distrito Federal - 01 de Setembro de 2010). Ainda segundo o Dr. Richard Gardner, “A alienação parental é um processo que consiste em programar uma criança para que odeie um dos seus genitores (o genitor não guardião) sem justificativa, por influência do outro genitor (o genitor guardião), com quem a criança mantém um vinculo de dependência afetiva e estabelece um pacto de lealdade inconsciente. Quando essa síndrome se instala, o vínculo da criança com o genitor alienado (não guardião) torna-se irremediavelmente destruído. Porém, para que se configure efetivamente esse quadro, é preciso estar seguro de que o genitor alienado não mereça, de forma alguma, ser rejeitado e odiado pela criança.”.

Este artigo é de suma importância, e deveria ser lido por todos os pais no momento da separação. Se você ama seu filho verdadeiramente, saiba que: A SAP pode trazer muitas dificuldades para a criança, inclusive quando ela se tornar adulta. 

Em curto prazo, a criança aprende a manipular os adultos e a demonstrar sentimentos e reações não verdadeiras, mas com o passar dos anos, ela vai se distanciando de suas verdadeiras emoções e na medida que isso ocorre, ela começa a perder a identificação com esse genitor, podendo inclusive adquirir vários transtornos de identidade. É comum nesses casos desde quadros como depressão crônica, incapacidade de se adaptar em novos ambientes sociais, transtornos de imagem, dependência ao álcool e drogas e em alguns casos inclusive o suicídio, por apresentar sentimento de culpa incontrolável e irremediável por descobrir que foi injusta no passado com o pai e/ou a mãe. Pensem muito bem antes de envolver seus filhos nos problemas do casal. Ao querer o apoio para seus próprios sentimentos em relação à separação, seu filho pode sair muito machucado... 

O marido deixa de ser marido, mas jamais deixara de ser pai. A mãe deixa de ser esposa, mas jamais deixara de ser mãe! 
Pais precisam pensar muito no futuro de seus filhos, e isso, não quer dizer viver juntos infelizes, Mas, destruir figuras parentais tão significativas para os filhos causam rombos na estrutura dessas crianças, rombos esses muitas vezes irremediáveis. 

Casamentos podem ser refeitos através de novos romances, mas as figuras parentais de pai e mãe jamais se refazem em nossa psique e coração.

Dra. Luciana Muszalska.
Psicóloga Clínica, escritora e palestrante em todo o Brasil.
ARTIGO PUBLICADO NO GRUPO "TECENDO TEXTOS"


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