Desamparo

Lambendo a rua
nua e crua,
pés quase descalços,
em  chinelos gastos,
um arrasto,
sem abrigo,
ao relento,
ausentes os rastos.

Nos braços moles,
traz consigo triste fardo,
já condenado,
desnutrido rebento,
olhos turvos de tristezas,
secos, sem ornato,
na noturna solidão,
remexe o lixo ratazana e rato?

Rostos endurecidos,
a rua nua atravessam
e passam
todos os entes,
não há estendida uma mão,
miséria n’alma e no corpo,
doente,
pela dor e sofrimento,
entorpecido.

O descanso sobre usado papelão,
lambendo a rua nua e crua,
pés quase descalços,
em chinelos gastos,
vida vazia de ornato,
da sorte só mais um desvalido,
remexe o lixo,
ratazana e rato?

Odenilde Nogueira Martins

0 comentários:

Postar um comentário