“Se você ver o filme” (errado) no lugar de “Se você vir o filme” (certo): vamos analisar o que pode levar algumas pessoas a cometerem esse erro.
Alguns ignoram que a forma do futuro (simples) do subjuntivo (“conjuntivo” no português europeu), apesar de ser perfeitamente igual à do infinitivo pessoal (simples) na conjugação dos verbos regulares, na realidade deriva de um tempo primitivo bem diferente: o futuro do subjuntivo vem do pretérito perfeito (simples) do indicativo e é formado pelo tema do perfeito (radical do perfeito + vogal temática) mais as terminações -r, -res, -r, -rmos, -rdes, -rem (de forma prática, obtém-se o tema do perfeito retirando a terminação -ram da terceira pessoa do plural), enquanto o infinitivo pessoal deriva logicamente do infinitivo impessoal, ao qual se acrescentam as terminações -es (segunda pessoa do singular), -mos, -des, -em. 

Tema do perfeito do verbo “ver”: (eles) VI(ram); futuro do subjuntivo: viR, viRES, viR, viRMOS, viRDES, viREM (igual ao infinitivo pessoal de “vir”). 

Tema do perfeito do verbo "vir": (eles) VIE(ram); futuro do subjuntivo: vieR, vieRES, vieR, vieRMOS, vieRDES, vieREM.

Tema do perfeito do verbo “ter”: (eles) TIVE(ram); futuro do subjuntivo: tiveR, tiveRES, tiveR, tiveRMOS, tiveRDES, tiveREM. Logicamente, os derivados desse verbo (manter, obter…) seguem o mesmo modelo de conjugação.

Tema do perfeito do verbo “pôr”: (eles) PUSE(ram); futuro do subjuntivo: puseR, puseRES, puseR, puseRMOS, puseRDES, puseREM. Nesse caso também, logicamente, os derivados do verbo (propor, depor…) seguem tal modelo de conjugação.

Se nos basearmos, portanto, nessa simples regra que vale indistintamente para todos os verbos portugueses, sempre conseguiremos conjugar corretamente qualquer verbo irregular no futuro do subjuntivo.
Vale lembrar também que o futuro do subjuntivo, que marca a eventualidade futura, participa de orações subordinadas desenvolvidas (principalmente adverbiais condicionais e temporais), iniciadas por conjunção ou por pronome relativo (“Se ele vir isso”, “Quando ele vir isso”, “Depois que ele vir isso”, “No momento em que ele vir isso”…), enquanto o infinitivo pessoal participa de orações subordinadas reduzidas de infinitivo e é precedido de preposição (“Depois de ele ver”, “No momento de ele ver”, “No caso de ele ver”…).
Afinal, mais uma pequena dica para não confundir o futuro do subjuntivo de “ver” com o infinitivo pessoal de “vir”: o verbo “ver” é empregado principalmente como transitivo direto (“Depois que ele vir o filme…”; vir = VTD seguido de OD, “o filme”), enquanto o verbo “vir” só poderá ser intransitivo ou transitivo indireto (“Depois de ele vir aqui…”; vir = VI seguido de adjunto adverbial de lugar, “aqui”).

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