Encantada - poema

Encantada

De cômodos poucos e minúsculos,
paredes por retratos e  quadros de santos, enfeitadas,
janelas  de madeira rústica sem vidraças,
por cortinas de chita, ornadas.
Lá, porta uma só havia:
por onde se entrava,
também se saía.

À noite, no alto do morro,
listras luminosas espargidas,
lançadas em diferentes lados,
saíam das paredes fendidas.

Fachos pálidos de luz,
sumiam e apareciam.
Carregado pra lá e pra cá,
por mãos de sombras bruxuleantes,
que em seu interior perambulavam,
um lampião a querosene lá,
no alto do morro,
a escuridão da noite alumiava.

Paredes por retratos e quadros de santos enfeitadas,
janelas  de madeira rústica sem vidraças,
por cortinas de chita, ornadas.
E, fora, a noite geometricamente cerzida,
por luz em fachos retos
e pelos circulares piscares...
Intermitentes...
dos pirilampos.

Assim, era a casa encantada...
De muita vida contida,
nela pulsavam todos os cantos,
inspiravam incontáveis histórias...
Tão simples e de encantos tantos!
Odenilde Nogueira Martins – 17/07/15



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