Morte - por José Fernandes



MORTE


Poema de José Fernandes - 
Saganossa. 2015.

Só tem alturas as dores da morte.
Apenas o silêncio das pedras explica
Esse doer de ave a escrever o espaço
Encomendado pelo infinito morrer.

Rascunho de pássaro, o homem voa
No tempo e se inscreve na eternidade
Enquanto areja minhocas na fantasia
Ou enquanto apodrece em caramujo.

De qualquer modo, o homem sempre
está verde para virar estrela e correr
Rios e palavra que rorejam lábios
E lobinham cabelos verdes de árvores.

Por isso, o poeta vive água e escorre
Pássaros de manhã nos menires dessa
Travessia de vero e caos em desenhos
De poemas que se leem na hera vestida
De muro e silêncio desde limo da terra.

A imagem pode conter: 1 pessoa

Hoje, 22/02/2018, nos deixou o escritor e amigo José Fernandes.

Paixão

Paixão

Como romã, por fora inteira
Por dentro, casulos de grãos vermelhos
Metamorfose constante,
Perdida em descaminhos de confusas retas,
ora em alegre desvario, ora triste, pensativa e quieta.

Metades de tudo e nada.
Divergências tantas...
Tenho o mundo vivendo em mim.
E a alma que me tem, mansa não é.
A alma que eu tenho, é cheia de cheganças.

Nauseada em vórtices de paixões,
Gira que gira em torvelinho arrastada
Oscilante à beira do caos,
À beira do precipício, assombrada.

Oh!Deusa impiedosa, insana
Que cega e devora,
Tolhe os sentidos
E pelos poros emana,
Teu nome é Paixão!

Na noite sacrossanta, ela,
A alma inquieta, apaixonada,
Espia, espicha-se, embrenha-se
Por entre as escuridões,
Vela a Lua de prata, tão alta, distante
E bela.

A imagem pode conter: 1 pessoa, atividades ao ar livre

Odenilde Nogueira Martins